1ª Expedição do Clube Pandista PortuguêsMarrocos - 29 de Março a 9 de Abril de 2009 |
Percurso |
Programa |
1º Dia (29 de Março) |
Nesta grande aventura alinharam 3 Pandas de 2ª geração, um Climbing a gasolina, e dois Cross a diesel, e respectivos Pandistas:
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Na saida de Lisboa nem tudo correu bem, primeiro porque ouve atrasos e depois porque logo á partida um dos carros teve um furo que obrigou a trocar todos os pneus e fez atrasar
em algum tempo a partida, a partida era para ser ás 9:00, no entanto os carros acabaram por sair de Lisboa por volta das 12:00.
Assim sendo efectuaram-se paragens apenas para reabastecer, o que tornou a viagem um pouco mais cansativa que seria de esperar. Pelas 20:00(hora Espanhola) a caravana estava
em Tarifa, toca de comprar bilhetes e embarcar.
Na travessia registou-se bastante ondulação e nem se conseguia estar direito dentro do barco... Chegando a Marrocos começa a Aventura própriamente dita..., para sair do barco
uma desorganização total e todos queriam sair ao mesmo tempo...
Já no "controlo" de entrada em Marrocos continua a confusão... primeiro pedem os passaportes e os documentos das viaturas, isto claro por pessoas devidamente identificadas com cartões
não se sabe bem de quê... enfim toca de pagar "propinas", depois dos documentos tratados, pedem aos condutores para acompanhar um suposto funcionario ao controlo policial para
registo de entrada em Marrocos (mais uma...), depois mais "propinas"... Resumindo, todos os que falavam com os Pandistas pediam a dita "propina" que seria sempre entre 10 e 20
euros... findo a confusão finalmente lá arrancaram em direcção ao hotel, isto sem saber muito bem por onde seguir..... mas 30 minutos depois já estavam com uma "casa blanca" na
mão e um prato cheio para jantar. Dado o cansaço todos foram directos para o vale dos lençois e com isto termina o 1º dia.
O dia começou com um bom pequeno alomoço no ibis, depois de uma grande confusão devido a uma estranha actualização de horas nos telemóveis... logo de seguida os Pandas voltaram a
fazer-se á estrada, e mais uma vez lá estava o arrumador a pedir a sua propina... seguiu-se então pela estrada que levaria a meknés, depois de alguns quilometros lá nos enganamos e
vimo-nos obrigados a seguir por auto-estrada, após 28km lá conseguimos sair e voltar à estrada prevista.... Após alguns km aproveitamos para abastecer pela 1ª vez em Marrocos e
acabamos por perceber que pelo menos a gasolina por aqui até é mais cara que em Espanha...
Voltamo-nos a fazer à estrada e alguns kms mais à frente quando seguiamos atrás de um camião de gás apanhámos um grande cagaço pois assim que verificamos que se tratava de transporte
de gaz deu-se uma grande explosão e o camião começou a andar de um lado para o outro, foi apenas um pneu que rebentou e o que valeu foi que iamos todos em velocidade reduzida....
Refeitos do grande susto, continuamos caminho, para mais à frente encontrar um mercado enorme numa pequena vila, não estão bem a ver mas de repente começamos uma corrida no meio de
uma grande quantidade de carroças a tentarem ultrapassar outras carroças que por sua vez ultrapassavam bicicletas que tambem ultrapassavam peões que levavam carrinhos de mão....foi
simplesmente uma loucura.... mas correu bem com algumas razias pelo meio... Alguns kms mais à frente eis que chegavamos a Volubilis, procurando de seguida o melhor local para
prepararmos o nosso “repasto”...
Após esse bom almoço, lá voltamos a Volubilis onde visitamos aquelas que segundo o guia local são muito maiores que “conimbriga”.....Viemos a verificar que de facto são enormes....
De seguida voltamos à estrada em direcção a Meknes onde rapidamente demos entrada no Ibis, e logo de seguida nos misturamos com os locais na medina da cidade... De facto foi aqui que
ficamos a melhor conhecer este local e estas gentes... Após uma volta pela medina acabamos por nos sentar numa esplanada da praça principal e provar umas “brochetes” mistas, que por
sinal estavam muito boas.
De seguida voltamos ao hotel por caminhos que julgo nunca terem sido visitados por turistas e onde nós próprios nos chegamos a interrogar se não seria melhor voltar para trás...
mas tudo correu bem a rapidamente chegamos ao mcdonalds local onde bebemos um café expresso e regressamos ao Ibis. Com isto terminamos as aventuras do dia....
Desta vez não tivemos confusão com as horas e após um bom pequeno almoço lá seguimos viagem em direcção a Fes, estrada esta que começa em muito mau estado mas que vai melhorando
ao longo dos km....Já quase a chegar a Fez fazemos uma paragem para verificação de niveis de ar e àgua dos carros.
Mais uns kms e eis-nos a entrar em Fes, cidade enorme onde andamos um pouco perdidos em busca da medina.... finalmente aparece mais um guia local que nos leva ao sitio e que se nos
propõe fazer de guia pela medina pela quantia de 5€ cada um, acabamos por contratar o serviço por 20€, pagando no final 25€.... A visita foi algo diferente de tudo o que já tinhamos
visto até então, visitamos uma loja de produtos locais em latão e prata onde artesãos nos mostram como se trabalham os materiais....
Seguido de uma loja de tapetes, alguns locais chave e uma das “fabricas” onde curtem e trabalham as peles.... o cheiro... bem... impossivel de se descrever e de aguentar por muito
tempo...
De volta aos carros acabamos por optar por sair desde logo da cidade em direcção a Ifrane, mais um erro e fizemos mais alguns kms do que o previsto, mas rapidamente voltamos à rota
tendo parado para almoçar já numa aldeia relativamente perto de Ifrane. Demos uma volta pela aldeia e rapidamente escolhemos uma “tasca” local, onde comemos mais umas “brochetes” e
provamos um chá de menta divinal...
De volta á estrada, rapidamente chegamos a Ifrane onde procuramos o parque de campismo. Após encontrá-lo fomos explorar a zona onde fizemos os 1ºs trilhos fora de estrada, por neve
e por um bosque espectacular... aproveitamos para apanhar alguma lenha que serviu para nos aquecer já durante o jantar... que digamos, foi um festim bem à maneira, com comida, vinho
e boa música!
Toca a levantar e começar a arrumar a tralha, tudo simples e rápido até chegar a hora de dobrar as tendas... pois é, tendas 2 seconds da decathlon, mas para arrumar, são mas é 2
horas!!!!, mas nada que não se resolvesse em alguns minutos com a experiência do Luís. Depois foi só preparar o pequeno almoço e arrancar em direcção a Azrou, onde lá chegados,
mais uns trilhos desta vez pela floresta dos cedros... mais umas voltinhas na neve, sim porque toda a floresta estava ainda cheia de neve.
Depois de uma voltinha de novo em asfalto lá estavam os macacos pelo chão e pelas árvores...., como estavamos anciosos por mais uns trilhos, toca de seguir um novo caminho que
terminava numa cratera que aparentava ser de exploração de minerais....
Meia volta e eis-nos de volta ao asfalto com bastantes kms por percorrer....Mais uns bons km e paramos numa pequena aldeia bastante isolada onde procuramos local para almoçar,
comemos mais uma tagine e um chá de menta, e o suposto empregado que afinal não era....lá nos tentou vender uns fósseis e com sucesso pois o preço que pediu até era aceitável....
Já nos carros distribuimos algumas coisas como canetas e tshirts e lá seguimos viagem, tinhamos ainda muitos kms pela frente e a estrada não era a melhor... tinhamos acabado de
atravessar o medio atlas e já estavamos a aproximar-nos do alto-atlas, paisagens de montanha como nunca vimos e uma altitude maxima de 2250 metros, grande parte do precurso em que
atravessamos o alto–atlas foi feito acima dos 1800 metros.
A meio, ainda tivemos tempo para algumas pequenas paragens, a primeira serviu para as necessidades mais básicas e para apanhar uma caveira de camelo que nos acompanhou o resto da viagem...
mais à frente outra pequena paragem para dar água aos cavalos ;) numa travessia de uma ponte em que o caudal de água era grande e a água passava por cima da mesma... já de noite paragem para
abastecimento e colagem do autocolante do clube junto aos já muitos deixados por outros aventureiros!
Paramos mais uma vez ou duas para tirar algumas fotos e depois foi sempre a andar bem, passamos por Er-rashidia e Rissani sem parar, pois já era de noite, chuvia e ainda não sabiamos
onde iriamos ficar no Erg.... Chegados ao Erg, apontamos para o hotel mais iluminado (Hotel Toumbuctou) e depois de consultar os preços decidimos ir procurar outro, pois os mesmos
eram proibitivos.... 2ª visita a outro hotel e o preço já era melhor mas mesmo assim ainda muito caro, e como se costuma dizer à 3ª é de vez... desta lá conseguimos um preço
aceitável por jantar, pequeno almoço e serviço de wc com duche...
Durante o jantar, tivemos direito a musica local de djambé e uma espanhola a dançar, esta pela segunda vez no dia fez-nos falar do “João Francisco”, (ai a Xaluca Johny)... a 1ª foi
quando passamos pelo hotel Xaluca e agora devido à dança do ventre... tivemos ainda a companhia de alguns locais, que conhecem muitos dos Portugueses que por aqui têm passado quer
pelo Dakar, quer por treinos nas dunas...tivemos direito a ver algumas fotos, inclusivé de um dos Pandas que fizeram o ultimo Dakar por estas terras....Na hora de arrumar os carros
de maneira a cortar o vento ainda surfamos umas dunas... a verdade é que estavamos mortinhos por experimentar os carros na areia...
Finalmente montamos as tendas já na areia do deserto, mas não nos fomos deitar sem antes nos aventurar-mos cerca de 500 metros sozinhos e de noite nas dunas e para o interior do
deserto. Pena o vento que se fazia sentir....mas amanhã será o dia de aproveitar o Erg...
O dia começou calmo. O vento que se fazia sentir de noite tinha desaparecido por completo. As dunas estavam ali, imponentes à nossa frente, douradas, ... mas nem tudo podia ser
paradisíaco, ... obviamente que apareceram lá carradas de miudos berbere a vender os colares, pedras, entre outras “especialidades” do deserto. Fizemos umas compras, umas trocas,
ofertas e terminamos de arrumar o acampamento para iniciarmos a volta ao Erg. 100km estavam na ementa do dia, areia, areia e areia, isso era o nosso desejo.
As pistas começam, mais duras, rolantes, melhor para ganhar km’s, pois a nossa manhã começou já perto do meio-dia. Os primeiros km’s de areia começaram a dar algumas complicações,
tais como, dificuldades na navegação e aquecimento dos motores. Seguiamos num leito de um rio, que estava seco, mas com areia e erva camelo. Paramos 10 minutos para descansar e para
arrefecer os motores e para estudar a melhor rota a seguir.
De volta ás pistas de pedra, aproveitamos umas ruínas de umas casas de terra para fazer um pic-nic no deserto. Durante o manjar, temos visitas de uns miudos, que já começamos a
desconfiar que saiem debaixo da areia!
Por volta das 16 horas, terminamos o dia com um artascanço do André no asfalto. Imaginem, tantos metros cúbicos de areia para atascar e tinha que dar trabalho já na estrada de acesso
a Merzouga. A estrada era ladeada de pântanos, ele quis encostar para falar com uns portugueses que passavam num jipe, resultado, as bermas resvalaram e o Panda acabou metade dentro do
lodo. Nada que não se resolvesse, toca de interromper a estrada e dar uso ao guincho... 5 minutos depois já estava de novo em estrada firme e pronto para outra....
Com esta conversa com os tais Portugueses ficamos a saber que as pistas que queriamos fazer no dia seguinte estavam completamente alagadas e que tinham dado muito trabalho aos “grandalhões”
no dia anterior e que mesmo assim tiveram que fazer km e km para contornar os terrenos alagadiços.... ora isso viria a mudar os nossos planos para o dia seguinte e em vez de seguirmos para
sul a partir do Erg, resolvemos ir directos a Rissani e apostar que seria possivel fazer a pista de Alnif em direcção ao Todra!
Ainda resolvemos passar pelo centro de Merzouga e tomar mais um chá de menta, seguido de uma subida é grande duna do Erg, só lhes posso dizer que é mesmo muito cansativo, cada passo
torna-se em meio-passo, pois a areia cede sempre que se faz pressão para a subir... estava a ver que não chegava ao topo, mas lá no alto estava uma cache(jogo geocaching), e teria que
ser feita, já lá no topo encontramos um grupo de motards Portugueses, nós subimos a pé e eles de mota.... o nosso objectivo na subida era tb aperciar o pôr do sol, mas nesses dia e devido
às nuvens não foi dos mais bonitos...
De qualquer maneira e como nos pusemos a caminho já tarde, acabamos por chegar ao topo já com o sol posto e pudemos dai aperciar uma bela vista nocturna..., depois de descansarmos toca a
regressar, agora era necessário descer toda a duna e se ela é inclinada, mas como se costuma dizer, “a descer todos os santos ajudam...”, depois de cerca de 2km pelo deserto lá chegamos aos
carros e ai ainda tivemos á conversa com um Marroquino que nos elucidou sobre mais algumas coisas da sua cultura.... depois foi seguir em direcção ao mesmo Hotel... lá chegados verificamos que
tinha tb chegado uma comitiva de Portugueses da zona de Leiria, eram cerca de 23 jipes mais 2 carrinhas de apoio, acabamos por ter conversa até nos irmos deitar.... Neste dia só foi pena não
termos tido onde descarregar os carros para poder usufruir mesmo das dunas...mas fica para uma próxima!!!
Hoje era o dia em que saiamos do deserto. As dunas ficaram para trás após mais um pequeno-almoço no belo Auberge Amazir. A hospitalidade marcou esta estadia, os jantares, chás, a música, o ambiente muito descontraído, enfim.... foram dois dias 5 estrelas.
Fazemo-nos à estrada em direcção a Rissani, apreciando a estrada, desta vez de dia. Durante a ligação, fizemos uma paragem numa área de serviço para revisionar os Pandas. Filtros de ar limpos, verificação de níveis e folgas, reparação de um apoio do radiador do Climbing, cafés, águas e estrada com eles.
Antes do almoço, começamos a fazer pistas paralelas à estrada que seguiamos para curtir mais a montanha. De vez em quando lá vinham uns míudos a correr descalços em cima das pedras de parte incerta! Procuramos uma sombra resguardada da vista de gente e paramos para almoçar. Como é óbvio, estávamos a ser observados de duas direcções. Uns miúdos esperaram tanto que acabássemos de comer, que no final oferecemo-lhes fruta, pão, entre outros alimentos.
Arrancamos para a parte da tarde por mais pistas de montanha, cada vez mais isoladas. De volta e meia passávamos por abrigos construídos com pedras que julgamos serem dos guardadores de rebanhos. Alias, ao longe, em cada topo, via-se sempre alguém nesses tais abrigos com as suas cabras. O caminho ia aparecendo, ora entre o leito do rio, que está seco, ora por trilhos quase inexistentes. O final da “secção TT” era numa aldeola já perto da estrada de acesso às gargantas do Todra.
Daí à entrada de Tinerhir foi um pulo. Tinerhir fica num imenso oásis à entrada da Garganta do Todra. Num dos miradouros somos abordados pelo Mohamed, um jovem de 24 anos que explora um pequeno albergue, o Chez Marir. Somos logo convidados a conhecer a casa, que seria toda por nossa conta. Depois de vermos a casa e de combinarmos o jantar com o Mohamed, ainda fomos até ás gargantas, mas a pouca luz que entra nas gargantas e também com o avançar da hora, decidimos voltar para trás, pois a imponência dos desfiladeiros merecia uma visita muito mais atenta.
Já no albergue, Mohamed, Jamal e Mina, serviram-nos o melhor repasto até à data em Marrocos. Uma sopa que nos fazia não parar de a comer e uns cous-cous que faziam crescer água na boca. Depois da janta, tivemos direito a música, na qual também fizemos parte e a uns truques de ilusionismo em que num deles nos apareceu um diabo em tanga à nossa frente – o Pedro foi quem mais participou! Enfim estava a ser a melhor noite até agora. Para acabar a noite ainda fomos dar uma volta pela vila. Passeamos pelo oásis à noite, onde pelo mais estranho que pareça, ouvíamos os pássaros a chilrear tanto que parecia de dia. Os sapos também marcavam presença pelo imenso barulho que faziam.
Antes de terminar a noite, passagem por uma sociedade onde os membros das famílias discutiam a posse de uns terrenos na vila. Para terminar esta que estava a ser a melhor experiência de estadia, o terraço aguardava-nos pronto para apreciar as estrelas e as sombras nocturnas da paisagem da montanha.